sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A Usina de Belo Monte

Brasileiro adora dar opinião sobre coisa que não entende. Na copa do mundo, são 200 milhões de técnicos dando seu pitaco. Semana passada fiquei embasbacado com a quantidade de doutores em energia e meio ambiente que eu conhecia e nem sabia!

Não sei quem aqui já viu o vídeo que circulou nesses últimos dias do movimento gota d'água. É um vídeo com atores da globo metendo o pau na usina de Belo Monte que está sendo construída.

Na minha particular visão de mundo do simples politécnico politicamente alienado, reacionário e egoísta que sou, opinião dada por ator da globo é sinônimo de besteira. Mas pra quem não viu, taí:


E já que você tá com tempo de sobra pra ler este ridículo blog e para assistir campanha de ator da globo, veja também este outro vídeo. Não se deixe assustar com os números, não é nenhuma ciência de foguete - quem estudou frações na escola é totalmente capaz de acompanhar:


E da próxima vez, pense melhor antes de se deixar levar pelo que a Juliana Paes fala, pois ela, como engenheira, tem uma belíssima bunda. Nada mais.

4 comentários:

  1. Oi!
    Sim, tenho tempo livre pra ler este teu blog e comentar! Recebi o vídeo e achei que forçaram a barra, mas sou contra a contrução da Usina.
    O vídeo de baixo não assisti nem vou, o tempo é curto hehehe
    P.S Comentário sexista sobre a Juliana Paes hehe! :)

    ResponderExcluir
  2. Oi, Marília!!

    Então, perceba que não estou criticando ou elogiando a construção de nada. Estou sim é falando mal de quem gosta de emitir opinião escabrosa baseado em... baseado em quê, mesmo?

    Acho uma irresponsabilidade enorme desses atores que, plenamente conscientes da exposição da mídia que têm, se prestam a fazer um sensacionalismo barato desses. E pior, fazem isso sem nem mesmo se darem ao trabalho de descobrir se o texto que decoraram é verdadeiro ou não.

    Posso estar errado, mas eu não acho que a Juliana Paes leu um relatório técnico, refletiu sobre o que leu e chegou a conclusões embasadas antes de sair falando o que fala.

    E esse meu comentário sexista, ao contrário do primeiro vídeo, tem sim respaldo científico: é só comparar quantas vezes essa turma apareceu na capa da Scientific American e quantas na Playboy.

    ResponderExcluir
  3. Não sei nada sobre produção de energia elétrica nem sobre impacto ambiental. Porém, como professora de português, penso que posso contribuir para que os leitores, ou nesse caso, os assistentes, possam fazer uma análise da argumentação utilizada nos vídeos apresentados.
    Um bom leitor deve perder o olhar ingênuo, tentar buscar o real significado de um texto, as intenções, declaradas ou não, que estão por trás dele. E para isso, nada melhor do que conhecer um pouco sobre a teoria da argumentação. Após a leitura dos textos abaixo, reveja os vídeos e tente identificar os tipos de argumentação utilizados.

    Resumo de um tópico do livro
    PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTECA, L. Tratado da Argumentação: A Nova Retórica. Trad. Maria E. G. G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 15-70.

    Persuadir e convencer
    A heterogeneidade dos auditórios suscita o interesse por uma técnica argumentativa que se imponha a todo tipo de auditório. A objetividade é importante para que as teses defendidas possam ser aceitas por todos. Se o foco é o resultado, persuadir é mais do que convencer, porque a convicção é a primeira fase que leva à ação. Mas se o foco for o caráter racional da adesão, convencer é mais do que persuadir. Na persuasão considera-se o lado emotivo, e na convicção os aspectos racionais. Uma argumentação persuasiva é aquela que age sobre um auditório particular, e uma argumentação convincente age sobre todo ser racional. A natureza do auditório define as argumentações e o seu alcance.

    Excertos do livro
    PLATÃO; FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996, p. 285-291.

    Tipos de argumentos
    1) Argumento de autoridade
    “É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área de atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista.”

    Exemplo: Discurso de Ulisses Guimarães que cita Antonio Vieira (Folha de S. Paulo, 18 nov 1991, p. 1-3).
    Padre Vieira tem na agulha bala certeira: “Palavras sem obras são tiro sem bala: atroam mas não ferem. A funda de Davi derrubou o gigante, mas não o derrubou com o estalo, senão com a pedra”.

    2) Argumento baseado no consenso
    Existem “máximas e proposições aceitas como verdadeiras, numa certa época, e que, portanto, prescindem de demonstração, a menos que o objetivo de um texto seja demonstrá-las. (...) Não se deve, no entanto, confundir argumento baseado em consenso com lugares-comuns carentes de base científica, de validade discutível.”

    Exemplo: A educação é a base do desenvolvimento. Os investimentos em pesquisa são indispensáveis, para que um país supere sua condição de dependência.

    3) Argumentos baseados em provas concretas
    “As opiniões pessoais expressam apreciações, pontos de vista, julgamentos, que exprimem aprovação ou desaprovação. No entanto, elas terão pouco valor se não vierem apoiadas em fatos. (...) O argumento terá muito mais peso se a opinião estiver baseada em fatos comprobatórios. (...) Os dados apresentados devem ser pertinentes, suficientes, adequados, fidedignos. (...) Não se podem fazer generalizações sem apoio em dados consistentes, fidedignos, suficientes, adequados, pertinentes. As provas concretas podem ser cifras e estatísticas, dados históricos, fatos da experiência cotidiana etc. Esse tipo de argumento, quando bem feito, cria a sensação de que o texto trata de coisas verdadeiras e não apresenta opiniões gratuitas.”

    Exemplo: (Jânio de Freitas. Folha de S. Paulo, 14 mai 1991, p. 1-5).
    É o que acaba de fazer, com dinheiro da Central de Medicamentos, Antonio Carlos dos Santos, presidente dessa estatal apanhado em flagrante de compras irregulares com custo bilionário.
    O leitor que me desculpe, mas se trata, ainda, da compra de 1.600 litros de inseticida por Cr$ 2.169.115.200,00, ao preço, portanto, de Cr$ 1.355.697,00 por litro. Notícia cuja veracidade está comprovada no Diário Oficial de 19 de abril e na “nota de empenho” com que o presidente da Ceme liberou a verba.

    ResponderExcluir
  4. Continuando...

    4) Argumentos com base no raciocínio lógico
    “Embora no item anterior já tenhamos tratado disso, ao dizer que não se podem tirar conclusões incompatíveis com dados apresentados, (...) o que chamamos aqui de argumentos com base em raciocínio lógico diz respeito às próprias relações entre proposições e não à adequação entre proposições e provas. (...) Um dos defeitos na argumentação com base no raciocínio lógico é fugir do tema. Esse expediente é muito usado por políticos, para evitar questões embaraçosas, ou advogados, quando não têm como refutar as acusações imputadas a seu cliente. (...) Outro problema é a tautologia (erro lógico que consiste em aparentemente demonstrar uma tese, repetindo-a com palavras diferentes), que ocorre quando se dá, como causa de um fato, o próprio fato exposto em outras palavras.”

    Exemplo: Crítica à filosofia pedagógica de estímulo à criatividade, que se implantou em nossas escolas a partir da década de 60. (Otávio Frias Filho, Folha de S. Paulo, 17 nov 1994, p. 1-2)
    Além de ser mais chique, do ponto de vista ideológico, o seminário é mais cômodo para ambos os lados: nem o professor prepara a aula, nem o aluno estuda, e ambos entram com sua cota de “participação crítica”.
    O mais grave é que onde esse processo se instalou não há como revertê-lo, pois as facilidades se transformam em direito adquirido. (...)
    Já que o mundo passa por uma histeria de volta ao passado, ao menos em relação ao que parecia “futuro” nos anos 60, talvez fizéssemos bem em rever grande parte das mudanças do ensino nestes 30 anos.
    Porque os resultados, mesmo nas boas escolas, não parecem encorajadores. A ideologia do ensino crítico está produzindo gerações de tontos. A lassidão, o vale-tudo, a falta de autoridade professoral desestimula a própria rebeldia do estudante.

    5) Argumento da competência linguística
    “Em muitas situações de comunicação (discurso político, religioso, pedagógico etc.) deve-se usar a variante culta da língua. O modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. Utilizar também um vocabulário adequado à situação de interlocução dá credibilidade às informações veiculadas.”

    Exemplo: Crítica à aprovação da lei de biossegurança. O autor considera que a lei “consegue, a um só tempo, proibir no Brasil a principal aplicação da terapia genética, (...), dificultar a vida dos casais que desejam um bebê de proveta (...) e não criar nenhum mecanismo efetivo contra abusos no campo da engenharia genética.” (Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo, 10 jan 1995, p. 1-2)
    Não sou biólogo e tenho que puxar pela memória dos tempos de colegial para recordar a diferença entre uma mitocôndria e uma espermatogônia. Ainda lembro bastante para qualificar a canetada de FHC de “defecatio maxima” (este espaço é nobre demais para que nele se escrevam palavras de baixo calão, como em latim tudo é mais elevado...).

    ResponderExcluir