sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O que farão com as escolas?

Lembrei de outro episódio de Uganda que quero compartilhar aqui.

Por lá, as famílias são bem grandes. Não sei exatamente qual é a taxa de fecundidade média (número de filhos por mulher), mas deve ser lá pelos 5 ou 6. Pra um brasileiro o choque não é tão grande assim, mas pra quem nasceu e cresceu na Finlândia, onde quase não se vê crianças na rua, é uma diferença e tanto. Lá existem muitas crianças, e também muitas escolas primárias. Por "muitas" entendam muitas mesmo, às vezes separadas por menos de 100 metros.

Muitas escolas primárias, mas não muitas escolas secundárias.


Uma das meninas do nosso grupo um dia comentou casualmente: "Puxa, o que eles vão fazer quando essas crianças crescerem? Construir coisas aqui é tão difícil...será que vão transformar as escolas primárias em secundárias?"

Achei bonita a inocência desta pergunta. Na hora, preferi não compartilhar o pensamento sombrio que tive como resposta. Tampouco o explicitarei aqui, melhor deixar subentendido...

Há trabalho a ser feito. Mãos à obra!

Um comentário:

  1. Você sabe que eu gosto desse assunto, então é claro que fui pesquisar.

    O sistema de ensino de Uganda baseia-se no sistema 7-4-2: 7 anos de ensino primário, 4 anos de ensino secundário (Secondary School) e 2 anos de segundo Grau (High School). Depois disso, os alunos frequentam faculdades ou procuram institutos que oferecem a conclusão do estudo com um diploma.

    IDH - de 169 países
    Finlândia - 16o lugar
    Brasil - 73o lugar
    Uganda - 143o lugar

    Média de escolaridade (168 países):
    Finlandia - 34o lugar - 10,3 anos
    Brasil - 100o lugar - 7,2 anos
    Uganda - 130o lugar - 4,7 anos

    Fontes:

    http://www.education-africa.com/wiki/index_pt.php?title=Uganda_(PT)

    http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/11/brasil-ocupa-73-posicao-entre-169-paises-no-idh-2010.html

    http://pt.db-city.com/Pa%C3%ADs/M%C3%A9dia_de_anos_de_escolaridade

    Já faz alguns anos que o objetivo da Educação no Brasil é a universalidade do Ensino Fundamental, da 1a a 8a série (agora 1o a 9o ano). Hoje já atingimos quase 100% de escolaridade nesse nível. Sobram as duas pontas, o Ensino Infantil e o Ensino Médio, cujos percentuais são mais baixos. O maior desafio agora no Ensino Fundamental é melhorar a qualidade do ensino, já que frequentar a escola não garante o aprendizado.

    O Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional) mostra que o índice de analfabetismo tem diminuído, porém o alfabetismo pleno tem se mantido constante há alguns anos, em torno de 25% da população, quando o esperado seria que ele aumentasse devido ao aumento da escolarização. Ou seja, colocamos a turma na escola, mas o ensino é de má qualidade, então as habilidades de leitura e escrita não são desenvolvidas plenamente.

    Fonte:
    http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=4.03.00.00.00&ver=por

    Voltanto a Uganda: se o ensino primário é de 7 anos, e as escolas são primárias, eles deveriam ter uma média de escolaridade semelhante à do Brasil. Mas ela é bem mais baixa. No Brasil, o EF é dividido em Fundamental I (1o a 5o) e Fundamental II (6o a 9o). Se lá houver essa divisão, talvez justifique o resultado. As crianças só frequentam os primeiros anos do primário.

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