sexta-feira, 22 de março de 2013

Pétain! Vichy!


"Ô de Gaulle, vai se f*dê
França nazista não precisa de você!"
 - Canto colaboracionista francês


Em 1940, o exército alemão subjugou a França. A capital foi movida para Vichy e o novo estado foi encabeçado pelo heróico marechal Pétain, grande responsável pelas infindáveis glórias da Grande Guerra de 1914.

O subversivo general Charles de Gaulle, traidor da pátria, não aceitou a nova ordem das forças e demonstrou sua rebeldia em irresponsáveis ações, demonstrando seu total descontrole ao atacar repetidamente os seus outrora co-irmãos franceses, longe da Europa, provando sua covardia.

Quando da invasão da França pelos aliados, o amado de Gaulle, libertador da pátria, estrategista e cavaleiro de coragem ímpar na defesa de la France, retornou a Paris e tornou-se o primeiro líder do pós-guerra, recolocando o país na posição que lhe cabia, gigantesca potência mundial que é.

Hoje, de Gaulle empresta seu elevado nome ao confuso aeroporto parisiense onde perdi minha conexão a Helsinki e agora aguardo o próximo vôo.


Vive la France!

quarta-feira, 20 de março de 2013

San-Trac está na final!

E semana passada, depois de iniciar o último dia em terceiro lugar, no fim vencemos a votação! Muito obrigado a todos que nos apoiaram!

Aqui está o anúncio oficial: http://www.sanitationhackathon.org/stories/congratulations-san-trac-winner-people-s-choice-award


Sexta-Feira, 22 de Março, Dia Mundial da Água, serão anunciados os finalistas da Sanitation App Challenge. Por termos vencido a etapa da votação, já estamos classificados - os outros finalistas serão escolhidos pelos juízes.

Para essa final, fizemos também um vídeo que será apresentado para representantes do World Bank e outros investidores. Pra quem tiver 2 minutos sobrando:


quarta-feira, 6 de março de 2013

San-Trac at Sanitation App Challenge

While studying abroad, I took part on a UNICEF and Aalto University project, with the theme "Water, Sanitation and Hygiene in schools in Uganda."

Among other results, we developed a remote monitoring system, which had a prototype installed in Kampala in June / July 2011. It eventually became an independent project, called San-Trac, and its development continues in Uganda and is now competing in the Sanitation Challenge App. We need your votes!

There are two ways to vote (YES!! You can vote twice if you want!)
1 - Access and choose http://sanitation.hackathome.com/online-competition/ San-Trac (a blue ball with ST), hover on "Vote now!" and click the FACEBOOK ICON! After logging in you should see a confirmation

2 - Send a tweet with the hashtags #SanHack and #Santrac. example:
Help us win the #SanHack, vote for #Santrac app! RT or vote online at http://bit.ly/109aAXV

We thank you for your support!



A brief description of the project for those of you interested:

We worked in the context of rural schools, particularly from Gulu, northern Uganda (yes, the land of "Kony 2012" for those who remember). In remote regions of our planet, it is still difficult to collect and transmit information. In particular, we found out that between detecting the need to build a new toilet in a school and getting it ready make take as long as a year, or even more.

A year! A school cannot be a whole year without toilet. And by "toilet", I mean this:

"Nope, that's not chocolate pudding."

OK?

With that in mind, the idea that emerged was to try to speed up the information flow. For this, we designed a Remote Monitoring System to check the condition of school facilities (latrines, water tanks, etc..) and periodically send reports via text messaging (SMS).

It is based on open-source technologies and low-cost components, making it scalable. The vision is that every school would be equipped with the system and send information to a central server capable of processing data and detect abnormal situations. In these cases, it would trigger an alarm, and one could then check if something is wrong in a particular school.


Prototype at UNICEF Uganda Innovation Center

Potentially, we can accelerate the construction of toilets / tanks / etc, but in addition, the system could help detect other events, such as droughts and population displacements due to droughts or conflicts.

We developed a prototype still in Finland, and this was installed at the UNICEF Uganda Innovation Center in June / July 2012. The development continued in Uganda during this period, and now is running for Sanitation App Challenge.


If you've read this far, you might also want to see photos of Uganda to get a better idea what I'm talking about.

terça-feira, 5 de março de 2013

San-Trac na Sanitation App Challenge

Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/224831087657700/225084657632343/

Durante o período em que estudei fora, participei de um projeto da UNICEF e da Aalto University, com o tema "Água, Saneamento e Higiene em escolas de Uganda".

Neste, entre outros resultados, desenvolvemos um sistema de monitoramento remoto, que teve um protótipo instalado em Kampala em Junho/Julho de 2012. Ele acabou virando um projeto independente, chamado San-Trac, cujo desenvolvimento continua em Uganda e agora está concorrendo na Sanitation App Challenge. Precisamos de seus votos!

Há dois jeitos de votar (sim, você pode votar duas vezes se quiser):

1 - Acesse http://sanitation.hackathome.com/online-competition/ e escolha San-Trac (uma bola azul com ST)

e/ou

2 - Mande um tweet com as hastags #SanHack e #SanTrac. Exemplo:
Help us win the #SanHack, vote for #santrac app! RT or vote online at http://bit.ly/109aAXV

Agradecemos desde já o apoio!



Uma breve descrição do projeto a quem interessar:

Trabalhamos no contexto de escolas da zona rural, em particular de Gulu, no norte de Uganda (sim, a terra do "Kony 2012" pra quem lembra). Em regiões remotas do nosso planeta, ainda é difícil coletar e transmitir informações. Em particular, descobrimos que entre detectar-se a necessidade de construir um novo banheiro em uma escola e este ficar pronto pode-se levar um ano, ou até mais.


Um ano! Não dá pra ficar um ano inteiro sem banheiro. E por "banheiro", eu quero dizer isso aqui, ó:

"Nope, that's not chocolate pudding."

OK?


Com isso em mente, a ideia que surgiu foi tentar acelerar o fluxo de informações. Para isso, foi concebido um Sistema de Monitoramento Remoto, cuja função é monitorar o estado das instalações das escolas (latrinas, tanques de água, etc.) que envia relatórios periodicamente via mensagens de texto, ou SMS (sim, o sinal em Gulu é melhor que na Poli).

Ele é baseado em tecnologias open-source e componentes de baixo custo, tornando-o escalável. A visão é que cada escola seria equipada com o sistema e enviaria informações para um servidor central capaz de processar os dados e detectar anomalias. Nestes casos, ele acionaria um alarme, e poderia-se então verificar se algo está errado em determinada escola.

Protótipo no Centro de Inovação da UNICEF Uganda

Potencialmente, pode-se acelerar a construção de banheiros/tanques/etc, mas além disso, o sistema poderia ajudar a detectar outros eventos, como secas e movimentos populacionais devido a enchentes ou conflitos.

Foi desenvolvido um protótipo ainda na Finlândia, e este foi instalado no Centro de Inovação da UNICEF Uganda em Junho/Julho 2012. O desenvolvimento continuou em Uganda durante este período, e agora está concorrendo ao Sanitation App Challenge.


Se você leu até aqui, talvez também queira ver fotos de Uganda, ou ler esta história de lá.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Final da Libertadores


Este último domingo o Corinthians foi campeão do Mundo pela segunda vez. Mas pra isso, ele antes foi campeão da América, e sobre isso tenho uma história que merece ser contada.


Nas fases finais da Libertadores, eu estava em Uganda. Não vi quartas, não vi a semi, mas a final...ah, a final não dava pra perder. Não dava.

Lá estava eu em Gulu, perto da fronteira com o Sudão do Sul. É a segunda maior cidade de Uganda. É tão enorme quanto um ovo.
A única internet que tínhamos era um pen-drive 3G. A gente geralmente colocava em um computador, que compartilhava com os outros. Não era assim tão rápido, mas, pra minha sorte, às 4 da manhã quando o jogo começasse eu certamente seria a única pessoa conectada na Grande Gulu e arredores.

Mas meu maior medo não era a internet. Era a eletricidade. Nos dias anteriores, a luz caía sistematicamente lá pelas 9 da noite. O hotel 1,78 estrelas em que estávamos tinha um gerador, mas ele era muito barulhento e desligava por volta da meia-noite.

Chegou finalmente a quarta-feira. Eu insisti pra que todos, TODOS os meus colegas carregassem seus computadores durante o dia inteiro. "O dia INTEIRO, eu preciso dessas baterias cheias, entenderam?? É muito importante!"
Anoiteceu, a luz acabou. Jantamos, bebemos umas cervejas...o gerador desligou. Tudo como esperado.
Meu amigo Lari pediu pra que eu o acordasse na hora do jogo, apesar de ser finlandês ele gostava de futebol e queria assistir o jogo comigo. Infelizmente o Lari não tinha computador...

Lá pela 1 da manhã fomos deitar. Meu colega de quarto era um dos computadorizados. "Olha aí João, a bateria tá cheia! Eu vou assistir um seriado aqui, mas fica tranquilo que a bateria dura 6 horas." Beleza...o computador era dele, quem era eu pra dizer não...mas me deu um medinho. Deu sim. Dormi.


O meu celular tinha um despertador falante. "The - time - is - three - forty five - it's time to wake up." Levantei num pulo. Olhei pro lado...Meu amigo tinha dormido. E foi aí que senti o soco no estômago. O computador ficou ligado. "Ai baralho.". 1 hora de bateria. "BARALHO!". Peguei o laptop e corri pro quarto do Lari. "Cara, LEVANTA! Tá na hora do jogo. Mas você não vai ver. Você vai acordar todo mundo e arranjar um computador!"


Montei o notebook moribundo na varanda do hotel. Escuridão total e absoluta. Momentos de ansiedade, enfia o 3G, conecta, canaistv.net, rede globo, fecha propaganda, fecha, fecha...
Até que finalmente, ali na minha frente, o tão sonhado jogo. Deu tempo! Deu tempo... Mas a bateria...olha, não sei qual é o problema da Apple e seus macfagcomputers, mas só de abrir o jogo eu tinha mais 40 minutos, e a bola ainda nem tinha rolado. Não ia dar nem pro primeiro tempo.

Ainda demorou uns 10 minutos pro Lari voltar, não com um, mas DOIS computadores. É um santo, o Lari. Ele insistiu muito pra acordar as meninas, e meio de má vontade elas emprestaram os computadores...Caramba. Eu tinha pedido tanto. "Mas que se dane, eu perco a amizade mas não perco esse jogo."
O jogo foi rolando, a bateria acabando...o brilho da tela diminuindo...já deixamos o segundo computador aberto do lado. Falta de ataque. Jogador caído. "É agora!", arranca o 3G, enfia no novo, conecta, canaistv.net, rede globo, fecha propaganda, fecha, fecha... uns dois minutos que em final de Libertadores são uma eternidade. Na minha mente já tinham saído uns quarenta gols e eu tinha perdido todos.

Voltou. Tava zero a zero ainda. Ufa.
E a bateria? Ahh, a bateria...a bateria tinha mais 30 minutos. Cacilda.

Pelo menos dava pra acabar o primeiro tempo. No intervalo trocamos com calma, tínhamos mais 3 horas de bateria, tudo certo. Computador estava resolvido...mas o jogo não. Ah, não.


Olha, no primeiro gol, eu ainda me controlei. Naquele silêncio das cinco e meia, que de tão denso dava quase pra agarrar nas mãos, eu soltei um "Gol!" que parou a meio metro do meu nariz.
Mas o Boca é marrento, não tinha nada decidido, jogo nervoso... Mas aí o Emerson roubou a bola no meio-campo. E aí o Emerson correu em direção à área. Aí o Emerson ficou cara a cara com o goleiro, e aí e aí...e aí, caramba, e aí é GOL!
Gol não, é GOOOOOLLL é gol GOL GOL!!!

Segundo meu amigo, acordei uma criança Sudão. O Sudão e Gulu inteira. Que se dane. É campeão. É o fim, acabou. É Corinthians, é nóis, e vai pra ponte que caiu, vai curintia.



Não dormi. Umas duas horas depois do fim do jogo, eu estava numa escola, ainda um pouco bêbado ajudando a instalar um painel solar. Fui precavido e não subi no telhado, mas isso quis dizer que eu tive que ficar logo abaixo dele, botando as porcas nos parafusos. Ficar com a cara enfiada na telha de zinco é ficar com a cara num forno assando bolo de fubá. Mas isso é outra história. A América agora era corinthiana. A América, e Gulu.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Felicidade é uma arma quente, Liberdade é um frango grelhado


"I paid most attention to what kind of food he ate outside the camp."

"What kind of food he had eaten?"

"A lot of different things. Broiled chicken. Barbecued pig. The most important thing was the thought that even a prisoner like me could eat chicken and pork if I were able to escape the barbed wires."

"I've heard people define freedom in many ways. I've never heard someone define it as broiled chicken."

"I still think of freedom in that way."

"That's what freedom means to you?"

"People can eat what they want. It could be the greatest gift from God."

"You were ready to die-- just to get a good meal?"

"Yes."




Trecho da entrevista com o norte-coreano nascido em um campo de prisioneiros que, após 23 anos, conseguiu escapar. Entrevista pra quem gosta de ler e pra quem gosta de assistir.

Tendo completado 23 anos recentemente, fiquei envergonhado de estar aqui, preocupado com bobagens...

Desvio padrão

Quando pequeno o menino diz
"Quero ser astronauta e marinheiro"
Desiste, tenta engenheiro
Acaba infeliz.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O idioma de bebê

Em outubro do ano passado, quando a gente foi tomar as vacinas pra ir pra Uganda, uma das moças do grupo, que já era casada, levou o filhinho pequeno com ela.

Ele era muito simpático e risonho, e também muito falante. Ficava o tempo todo se comunicando "Aoiu alala bapuuu io aueu".


Infelizmente, eu não soube identificar se ele estava falando finlandês ou idioma de bebê.

domingo, 18 de novembro de 2012

A Batalha do Somme

Em 18 de Novembro de 1916, exatos 96 anos atrás, terminou a Batalha do Somme, após 4 meses, 2 semanas e 3 dias e mais de 1000000 de baixas. Sim, um milhão. Fiz questão de botar os zeros.

Julho 1916: Soldado britânico em uma trincheira alemã. 
Notem que as paredes do lado que o soldado está vigiando não são verticais. Esta na verdade é uma trincheira capturada dos alemães, portanto ele está vigiando a "retaguarda".


Os comandantes britânicos acreditavam que trincheiras confortáveis acabariam com o "espírito ofensivo" dos soldados, e por isso não aceitavam gastar recursos em torná-las melhores do que meros buracos na terra. Já os alemães dedicavam muito mais atenção a este quesito. No fim da guerra, existiam trincheiras com vastas salas subterrâneas, forradas com tapetes.

É fácil notar a diferença:

Setembro 1916: Infantaria neo-zelandesa.

É relevante também a estreia de ainda outra tecnologia bélica: o tanque de Guerra:

Setembro 1916: Tanque britânico Mark I


Ao fim Batalha do Somme, a Entente (Inglaterra e França) havia avançado cerca de 6 milhas, ao custo de aproximadamente duas vidas por centímetro ganho. Isso, claro, sem contar as baixas inimigas.